🎤 Entrevista com os autores de A República dos Esquemas

Fragmentos do Caos entrevistou os autores desta obra que já está a abanar consciências — e talvez algumas cadeiras de poder. O que os motivou? Como surgiu a ideia? E será que ainda há esperança?


Pergunta 1 — Como nasceu A República dos Esquemas?

Francisco Gonçalves:
Nasceu da saturação. Daquela sensação amarga de ver o país a girar sempre sobre o mesmo eixo podre. Sempre os mesmos nomes, as mesmas promessas, os mesmos esquemas. E de um certo ponto em diante, escrever não foi uma escolha — foi um impulso vital.

Augustus Veritas:
Nasceu de um pacto entre o riso e a raiva. De percebermos que só a sátira nos permite dizer verdades perigosas com um certo charme literário. E de acreditarmos que a palavra pode ser uma arma — se for bem afiada.


Pergunta 2 — Os personagens do livro são reais?

Francisco:
(Risos) Vamos dizer que são… inspirados. Em muitos. Em todos. Em ninguém em particular, mas em todos em geral. Na verdade, o livro não tem personagens — tem espelhos.

Augustus:
E todos nós — leitores incluídos — aparecemos nesses espelhos. Uns de fato e gravata, outros de cabeça baixa no autocarro.


Pergunta 3 — Qual o capítulo mais duro de escrever?

Francisco:
O último. O Grande Silêncio do Povo. Porque é o mais verdadeiro. Os políticos passam. Os esquemas mudam de nome. Mas o silêncio do povo… esse é mais persistente.

Augustus:
Concordo. É mais fácil gozar com um ministro do que confrontar o nosso próprio conformismo. Esse capítulo é um murro na alma.


Pergunta 4 — O livro tem esperança?

Francisco:
Tem. Mas não no sentido fácil. Não é um livro otimista — é um livro necessário. E só a necessidade é revolucionária.

Augustus:
A esperança está nas entrelinhas. Está no acto de ler. No acto de partilhar. E, sobretudo, no acto de não se calar mais.


Pergunta 5 — Que mensagem deixam aos leitores?

Francisco:
Leiam. Riam. Revoltem-se. E depois, por favor, não voltem a fingir que não sabiam.

Augustus:
Porque há palavras que não querem ser lidas — querem ser acendidas.


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